22 de ago. de 2010

Biografia



Santa Eustóquia de Messina

Esmeralda Calafato, fundadora do mosteiro Montevergine, em Messina, era a quarta dos seis filhos de Bernardo Calafato e de Mascalda Romano. Nasceu a 25 de março de 1434, quinta-feira santa, na aldeia Anunciata, a três quilômetros de Messina. Foi educada pela mãe no espírito de oração e piedade, no amor generoso para com os pobres e doentes na vida penitente. Seu pai era comerciante, e muito seguidamente se ausentava de casa, em suas viagens de comércio entre o oriente e as terras do baixo Mediterrâneo. Os irmãos maiores, Antônio e Baldo, e o pai, sonhavam Esmeralda bem colocada no mundo e, através de um ato jurídico, prometeram-na como esposa, ainda com onze anos, a um viúvo de trinta anos, comerciante como eles, entre os países do oriente próximo e os do Mediterrâneo. A morte prematura do futuro esposo fez retornar à serenidade a alma de Esmeralda, relutante às núpcias terrenas, e lhe deu oportunidade para esclarecer o seu pensamento e a sua aspiração à vida claustral: não tinha então ainda catorze anos. Conseguiu realizar o seu anseio de vida clariana-franciscana aos dezesseis anos incompletos, ao fim de 1449, um ano depois da morte do pai, entrando no mosteiro das Clarissas Urbanistas de Basicó, cidadezinha próxima de Messina: patronato real e asilo das jovens de família nobre, não destinadas às núpcias para não dispersar a fortuna paterna, e nem sempre ingressadas no mosteiro por divina inspiração. Chamou-se Eustóquia. Inflamada de amor pelo seu Esposo Celeste, ligou-se a ele especialmente no mistério da Paixão. Fez de Jesus o respirar de sua vida, dia e noite o quis amado pelas suas coirmãs, para as quais concebeu o desejo de uma vida de total dedicação à pobreza absoluta. Ao final de 1460, com a aprovação do Papa Calisto III, através de Bulas de 1457 e de 1458, fundou o seu mosteiro com a Forma de Vida de Santa Clara, no local de um velho hospital em Messina. Foi seguida em seu ideal de austeridade amorosa a Jesus sofredor e pobre, pela companheira Jacoba Pollicino, que foi a sua biógrafa, e com a qual se revezou nos serviços de abadessa, vigária e mestra durante todo o tempo de sua vida, por escolha das irmãs. Entre as novas seguidoras que ingressaram, viu com alegria a própria irmã Margarida (Mita), e Paula, de onze anos, filha de seu irmão Antônio, já falecido no final de 1458. A condição de decadência material da construção do antigo hospital transformado em mosteiro, depois de três anos e meio de fundação, fez com que as irmãs, que já haviam chegado ao número de doze, mudassem para um local perto de Montevergine, com a benção sensível de Deus. As jovens que ali ingressavam estavam convictas de seu ideal e faziam opção pessoal por este gênero de vida feito de humildade, escondimento, esquecimento de si e oração. De outra forma, Eustóquia não as aceitava para a radicalidade do seguimento de Jesus Cristo pobre e crucificado. Tinha apenas trinta anos quando teve de aceitar, a pedido das irmãs e do Bispo, o cargo de abadessa de suas irmãs, que amou com coração de mãe; pronta a todo o sacrifício e com a ternura própria de quem gerou, no espírito, quis sempre modelá-las conforme o seu “dulcíssimo” amado, objeto contínuo e insubstituível de seus pensamentos e de seu amor, olhado especialmente para as suas dores e as suas humilhações. Teve à sua escola também a mãe, Mascalda, uma nobre romana, que se fez clarissa em 1464, e morreu provavelmente em 1482, pouco antes de sua filha Mita, que havia recebido o nome de Francisca, e morreu a 19 de novembro de 1483. Quis que o período de abadessado não ultrapassasse um triênio, para correção do que observara em Basicó, onde a mesma pessoa estava no cargo desde 1433 e permaneceria até 1482, ano de sua morte. Exortou as suas irmãs, com o exemplo e a palavra, à oração litúrgica das horas diurnas e noturnas, à frequência dos sacramentos, à participação pessoal e íntima no divino Sacrifício da Missa, em tributo de gratidão viva ao Senhor; à adoração do “Altíssimo Sacramento”, desenvolvida também à noite; à estima sincera e a um interesse vivo pelas indulgências; à meditação e contemplação da Paixão do Senhor, com o intento de chegar à união esponsal com Jesus, até o dom místico. Com este fim, compôs o seu “Livro da Paixão”. Ele está em harmonia com os Evangelhos, com um prólogo e dezesseis capítulos. Ao final de cada um dos primeiros dez capítulos, sugere algumas considerações suas; depois prefere a simples narração, alimento para a amorosa contemplação pessoal, na qual ela parece estar inteiramente absorta. Teve a coroação de espinhos, invisível, por doze anos; depois, por três anos, os últimos de sua vida, os estigmas, invisíveis, nas mãos e nos pés, com a ferida visível do lado e a transverberação do coração. Foi assistida pelo Senhor, também milagrosamente, nas não poucas dificuldades que obstaculizaram com tenacidade e de direções diversas, o seu caminho para a perfeição, e o seu chamado a ser modelo e guia para tantas outras almas sobre a mesma via do seguimento de Jesus Cristo. Não procurou a ajuda dos poderosos, mas não refutou a colaboração dos corações generosos, que considerou como a mão da Divina Providência, na qual unicamente pôs as suas esperanças. Foi fiel imitadora de São Francisco e de Santa Clara. Adormeceu no beijo do Senhor pelo meio-dia do dia 20 de janeiro de 1485, e floriram em torno ao seu corpo ainda incorrupto, favores e graças, mesmo extraordinárias, até os nossos dias. Foi beatificada por Pio VI em 1782, e canonizada por João Paulo II em 12 de junho de 1988.




Irmã Sandra Maria, clarissa
Março-abril de 1988

Bibliografia
Terrizzi, Francesco- Il Libro della Passione Scritto dalla beata Eustochia Calafato,
Clarissa messinese (1434-1485) - Istituto Ignatianum, Messina 1979


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